Blog de Rui Jose

A vontade de partir...quando ainda nem cheguei....dá-me vontade de rir ao pensar por quem chorei...

terça-feira, fevereiro 08, 2005



Esta nossa sociedade é feita de ironias… Quão irónica é a nossa existência , quando desprovida de objectivos, causas em que acreditar. Por um lado, preenchemos a nossa vida com actividades superficiais, que, aparentemente nos dão prazer; por outro lado questionamo-nos com perguntas e dúvidas existenciais, tentando justificar a nossa existência, onde não existe justificação possível…
Poucos são aqueles que realmente encontraram o sentido da vida, e que, perdoem-me a redundância, realmente vivem. Assim, numa busca incessante da minha felicidade, decidi parar um pouco para reflectir, analisando a sociedade que nos rodeia.
Depois de momentos infindáveis de reflexão, cheguei à seguinte conclusão: é preciso ter coragem para viver neste mundo. Contudo, o mais comum dos mortais consegue existir…
Esta nossa sociedade é caracterizada por um grupo de padrões institucionalizados, que todos aceitam sem levantar qualquer resistência… A sociedade define o normal, alienando o diferente. Assim, o objectivo de toda a gente é ser o mais normal possível, igual a todos os outros, partilhando os mesmos gostos, opiniões e “ideais”. E aqueles que por ignorância ou por instinto, tentam ser diferentes, são considerados anormais, marginais.
Tão justo é o sistema político onde nós vivemos, a democracia: basta que uma maioria partilhe uma opinião para que a opinião dos restantes seja desprezada. Somos governados por uma imensa minoria, que, como humanos que são, apenas querem enriquecer os seus… E há que aproveitar, pois quatro anos não é assim tanto tempo…
Por um lado, casas enormes, luxos; por outro pobreza, miséria…Por um lado, alimentos desperdiçados numa sociedade de consumo; por outro fome nos países ditos subdesenvolvidos, onde não resta lugar para a dignidade humana.
Por um lado, animais de raça pavoneando-se em desfiles (não, não me estou a referir às modelos); por outro, animais abandonados a serem abatidos.
Vivemos numa sociedade de contrastes, sendo pura ilusão pensar que somos todos iguais. Somos iguais no nosso meio, ou seja, os ricos pensam todos da mesma maneira, e os pobres pensam apenas em sobreviver, pois não lhes resta tempo par mais nada.
O Homem tenta, no geral, caminhar para a civilização, desprezando os instintos, afastando-se dos outros animais. Isso justifica os vícios, os adornos corporais e a própria maneira de pensar.
Porém, ao tentar ser civilizado, o Homem homogeneíza-se, desenvolvendo a sua maneira de pensar em função dos outros. Assim, é “porreiro” vestir roupas de marca porque todos vestem, ouvir a música que os outros ouvem, ir aos sítios onde os outros vão, comer o que os outros comem… Aplica-se aqui a analogia do “rebanho”. Num rebanho as ovelhas são quase todas iguais, fazem todas a mesma coisa, comem todas o mesmo pasto. Também num rebanho existem as ovelhas negras, que sobressaem por serem diferentes.
O Homem é e sempre foi assim. Despreza as pessoas de cor diferente, de religião diferente, de opiniões diferentes, considerando-as inferiores. Desiludam-se aqueles que pensam que são diferentes, pois a sociedade é como o reumático: entranha-se nos ossos e nunca mais sai.
É difícil desenvolver objectivos próprios, maneira de pensar própria. Contudo, existem factores que facilitam essa caminhada: uma causa por que lutar ( em que realmente se acredite), um verdadeiro amor…
Contudo, isso é difícil, pois nesta sociedade desenvolve-se um estigma de aparências, ou seja, o que conta em primeiro é a aparência, e o resto vem depois…
Assim, partindo do princípio que sou igual a tantos outros, continuarei esta busca incessante pela verdadeira razão da minha vida, a resposta às eternas questões: “Quem sou eu?”, “O que faço eu aqui?”.
Por enquanto, apenas existo pelos meandros desta nossa sociedade; espero um dia viver, e dizer na hora da minha morte: “Afinal, sempre valeu a pena…”.

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